Friday, November 1, 2013

Nada mais cabe em seu lugar
Novos ventos vêm
Já não pulso, latejo.
Para parar é preciso mover
Para silenciar é preciso gritar
A ferida tem que abrir para curar

Monday, October 7, 2013

Wednesday, October 2, 2013

Velhas Relações

Aquela cadeira se tornou dura demais.
Me sento toda torta nela.
Arrumei uma forma de conseguir ficar nela, apoio o pé no móvel ao lado, curvo o corpo para a direita e respiro fundo.
Meu travesseiro já é idoso e perdeu a maciez. Nunca paguei tão caro na vida por um travesseiro e ele me deu pelo menos 8 anos diários de sono perfeito. Mas agora utilizo uma fronha debaixo dele para tentar manter a altura necessária para meu ombro, que também mudou com o tempo.
Meu carro é velho. Acho ele bom atualmente, porque nunca mais precisei do guincho. Mas tenho que controlar semanalmente o vazamento de água do radiador, óleo do motor e ar dos pneus. Tem também a entrada de água na lataria do porta malas nos dias de chuva e o mofo que parece se sentir bem em seu novo habitat.
Depois de ficar tantas vezes na rua e em estradas, fico feliz em só ter que controlar seus vazamentos semanais.  Começo a achar que ele está bom e que nenhum novo dono poderia reconhecer seu verdadeiro valor. Meu pai talvez.  
Bom, além disso a bateria descarrega também sem que nenhum elétrico descubra seus mistérios. Mas sim, esse é um problema mais antigo que foi resolvido de forma altamente criativa. 
Vivendo e aceitando tudo isso, a relação com ele é boa, é como uma velha amizade, com muitas historias e mistérios que nenhum motorista contemporâneo entenderia.
Aliás, as pessoas dos dias de hoje já não entendem muitas coisas. É só comprar outro produto, trocar as relações. Trabalhar mais, para poder ter mais. Afinal, ninguém quer ter uma cadeira dura, travesseiro baixo e carro temperamental.
Eu quero?
Não, não quero. Mas consigo ver valor nas relações antigas. Na dialética entre conforto e desconforto. Um mesmo objeto proporciona as duas coisas. É difícil se separar de antigas relações.
Aonde vai depois meu travesseiro, meu carro, minha cadeira?
Como jogar algo fora, se não existe fora?
Minha vida sem esses objetos será mais confortável, sem dúvida.
Será que me moldei tanto para encaixar neles que já não possuo mais tônus para levantar dessa cadeira, cama e carro?
Ou será que devo lutar para salvar nossa relação?
O corpo que fala é o corpo adaptado? 
Ou o corpo dos outros é que se moldou a novos valores?

Tuesday, September 24, 2013

Soon this space will be too small
And I'll go outside
To the huge illside
Where the wild winds blow
And the cold stars shine
I'll put my foot
On the living road
And be carried from here
To the heart of the world
I'll be strong as a ship
And wise as a wale
And I'll say the three words
That will save us all
And I'll say the three words
That will save us all
Soon this space will be too small
And I'll laugh so hard
That the walls cave in
The I'll die three times
And be born again
In a little box
With a golden key
And a flying fish
Will set me free
Soon this space will be too small
All my veins and bones
Will be burned to dust
You can throw me into
A black iron pot
And my dust will tell
What my flesh would not
Soon this space will be too small
And I'll go outside
And I'll go outside
And I'll go outside

Thursday, September 19, 2013

Venha venha
Entre em mim
Passe pelo meu peito
Sinta meus ossos
Sinta meu ventre
Sinta minha alma
Me arranque os cabelos
Me faça gritar
Me faça implorar
Me faça querer
Me arranque as palavras
E todas línguas
Acabe com meus verbos
Com minhas armas
E me faça nua
Me sinta tua
Lua
pensamentos 
pensamentos externos
silencio o prazer
brilha infinito 
borbulha vida
ruído interno
mesma em meus eus
pare pare pare 
pare sim
Às vezes queria que o mundo parasse para eu poder organizar meus pensamentos.
Às vezes queria que minha cabeça parasse para eu não ouvir pensamentos.
É muito ruído, interno e externo.
Pouco espaço sobrou para o silêncio.
Às vezes, no meio de tanta dor sinto prazer.
Às vezes sinto minha alma voltar a brilhar.
Há muita potência no brilho e sinto o infinito.
Sinto a calma dentro de mim. Ela borbulha.
É tanto silêncio que me invade, é um vento que gira dentro de mim e me sinto viva.
Vivo acolhida aqui entre paredes e tento gritar meu silêncio, mas só ouço ruído.
No meio da noite, quando o ruído abafa, ouço a voz interna.
Me debato entre as paredes que criei para mim mesma.
Sou prisioneira da situação que criei para mim.
E quero sair, romper a membrana entre eus.
Para isso preciso que o mundo pare.
Que meu pensamento pare.
Que você pare.
Eu pare.

Sim.


Thursday, September 12, 2013

Dia 2

No dia seguinte ela levantou e era a personagem.
Resolveu ir à feira, como sua personagem adora fazer, mesmo sabendo que voltaria sem nada por causa dos preços.
Queria comprar tomates. 
Um dia foi à feira, no horário habitual e absurdo das 13:45.Todos estavam partindo e tinha que tomar cuidado com as barracas sendo desmontadas sobre sua cabeça. Mas voltou com um saco cheio de tomates que pôde escolher e encher o quanto quisesse por 1 realzinho. Naquele dia cozinhou e picou muitos tomates. Fez um molho maravilhoso cheio de ervas e se perguntou quanto agrotóxico estaria dentro daquele pacote...
Mas hoje o pacote custava 2 reais e os tomates eram feios. Então só comeu um pastel, por 4 reais e se perguntou quando os pasteis se tornaram tão caros. No caminho de volta madeiras desabavam ao lado de sua cabeça. Mas sobreviveu. Foi ao supermercado e voltou com um pacote de molho de tomate.
Depois foi trabalhar.
Um cansaço extremo a invadiu quando a aula se iniciou.
Ela sentiu que já estava na hora de mudar para sempre de personagem. E mudou por alguns minutos. Se tornou uma criança, uma acrobata num show infantil.
E a aula rendeu.


Wednesday, September 11, 2013

Dia branco

Hoje o dia chegou em mim como um filme que passa pelos olhos.
Eu decidi meus passos, meus afazeres do dia.
E fiz.
Era um personagem qualquer, em um dia qualquer.
O silêncio interno me acompanhou. Eu era protagonista do filme que criei.
Meu silêncio interno dói. É um vazio cheio de sentimentos. Um texto cheio de palavras, mas sem frases.
Gostei do silêncio apesar de não entendê-lo, apesar de não conseguir relaxar.
Me sinto quase que diariamente como uma bola quente cheia de sentimentos, tenho vontades, tenho medos e tenho palavras.
Mas hoje não havia frases. E gosto que não haja frases.
Não sei como será meu dia de amanha. Não sei se amanha serei uma das personagem que criei.
Não sei quando as palavras sairão e quando saírem, se farão algum sentido.
Viver sem sentido e direção dói.

Mas hoje gostei.

Monday, August 19, 2013

Weg

Raus!
Schnell hier raus
Noch kannst du denken
Noch kannst du atmen
Raus raus raus von hier
Bald bist du gelähmt
Bald bist du taub
Bald bist du wieder weg
Überall kannst du sein
Überall kannst du neu anfangen
Außer hier
Weg von hier
Du wolltest immer weg
Und so weit hast du geschafft
Jeden tag
Jede sekunde
Es frisst dich weiter
Entweder du gehst
Oder du gehst wieder
ein

Saturday, July 6, 2013

Wednesday, May 15, 2013

dentro

tudo estagnado no peito sensação de vida e de morte arde tudo dentro o vazio grita em mim queria escoar a água toda que produzi para poder senti-la viva mas a água não pode fluir e me seca por dentro senti pulsar latejar e ao abrir a boca uma voz rouca esboçou um som que pouco vibrou no ar aonde foi o rio azul cintilante aonde foi a dança com a lua é inspiração demais para deixar secar dentro o rio segue nas veias e traz consigo historias femininas de outras gerações carrego em mim o ventre dos meus antepassados e séculos da minha própria vida são anos de guerras internas nascimentos mortes e abortos indesejados dentro de mim segue a música e a dança acorrentadas nos limites do meu ser